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O missionário e cantor Marcos Freire criticou a tendência de “adotar” bonecos reborn e criar como se fossem bebês reais, em vídeo no Instagram, na última sexta-feira (16).
“Eu estou indignado por ver pessoas cuidando de bonecos como se fossem crianças, enquanto isso, mais de 15 milhões de crianças estão sendo afetadas por causa de uma guerra no Congo”, afirmou Marcos.
“Essa guerra já matou mais de 6 milhões de pessoas e boa parte desse número são crianças. Um verdadeiro genocídio a céu aberto”, relatou.
Ele fez um apelo para os brasileiros ajudarem a cuidar de crianças vítimas da guerra civil na República Democrática do Congo.
“Não faz sentido seres humanos comprarem bonecos para cuidar, alimentar, levar ao médico, enquanto temos crianças agora que precisam de 60 padrinhos que se importam com vidas, que sabem que boneco não precisa de dinheiro, de comida, de hospital”, disse.
“Por favor, você que pode se tornar padrinho ou madrinha, apadrinhe uma criança”, pediu o missionário.
A Missão Baluarte, fundada por Marcos, cuida de crianças órfãs de guerra no Congo, que foram resgatadas na cidade de Goma, após seus pais serem mortos em ataques de radicais durante a guerra civil que assola o país.
Desde 2023, uma equipe formada pela missão brasileira em parceria com outras organizações realizou operações de resgate de alto risco para levar os órfãos a um local seguro. No total, a Baluarte já resgatou cerca de 120 crianças.
“Crianças que nasceram em meio à guerra e ainda estavam vulneráveis à morte, ainda expostas ao mesmo ambiente de terror, elas assistiram à morte dos próprios pais, uns degolados, outros fuzilados”, relatou Marcos, em entrevista anterior ao Guiame.
Acolhidas e seguras no orfanato
Agora, as crianças resgatadas estão no orfanato dentro da nova base da Baluarte, na cidade de Kinshasa. O local foi inaugurado no início de maio.
“Tivemos que transferi-las de uma região em risco, mas neste final de semana celebramos a inauguração oficial do novo prédio — o novo lar delas. Um espaço seguro, preparado com amor, fé e muito esforço”, informou a missão em publicação no Instagram.
Na cerimônia da base missionária, Samuel, uma das crianças resgatadas, agradeceu a Baluarte por ter acolhido ele e outros órfãos.
“Depois que chegamos aqui, nós temos alegria, nós nos consideramos como reis, nós não vamos mais chorar, não falta mais comida para nós, tudo o que estamos vivendo aqui é como a glória de Deus. Eu chorei muito na minha vida, mas Deus me chamou e disse: ‘Samuel, vem! Eu vou te dar um refúgio”, disse ele, emocionado.
Para financiar a alimentação, educação, acolhimento e evangelização das crianças abrigadas no orfanato, a Baluarte criou um projeto de apadrinhamento, onde os interessados podem adotar financeiramente uma criança e ajudar a sustentá-la com doações mensais.
A inscrição para se tornar um padrinho pode ser feita no site da Baluarte.
Guerra no Congo
A Baluarte iniciou sua atuação no Congo recentemente, após Marcos Freire mostrar a realidade de um campo de refugiados em Goma, onde cerca de 2 mil famílias sobrevivem em situação de extrema pobreza.
Formada principalmente por mulheres e crianças, os deslocados fugiram da guerra entre os rebeldes do grupo M23 e as forças do governo, que acontece a apenas 30 km da região.
Segundo o missionário, há milhares de campos de refugiados no Congo, onde as pessoas vivem em pequenas barracas improvisadas, sem alimentação e água.